O Mary Anne - Um Exemplo de Navio Relíquia



Mary Anne era uma embarcação da Compania Real Africana, a compania oficial britânica de comércio de escravos. Seu capitão, Patrick Ness, era um escocês de 40 anos. Ele estava acostumado a trabalhar na rota do Triangulo, carregando produtos manufaturados de Bristol para a Guiné, trocando-os por escravos, que transportava para a Jamaica, onde os trocava por açúcar, que levava para casa.

Mary Anne zarpou de Bristol em sua última viagem no início de maio de 1702. Passou uma boa temporada em Guiné e teve uma viagem comercial relativamente bem-sucedida ao longo da costa, adquirindo 467 escravos e uma quantidade razoável de ouro e marfim. A embarcação ancorou na Jamaica no final de setembro, chegando a São Tomé nove dias depois.

O porão do navio estava terrivelmente lotado e já haviam morrido 30 escravos. A doença era mortal. O médico do navio sabia pouco sobre as doenças da África e muitas vezes piorava a condição dos escravos sangrando-os na tentativa de curá-los.

A embarcação ancorou fora do porto e a tripulação descansou durante a noite. Pouco antes da meia-noite, uma tempestade se iniciou, levando o navio em direção à praia e o recife. O cabo de ancoragem, já enfraquecido pela água tropical quente, estalou, impulsionando Mary Anne para o recife e colocando-a a meia-nau.

A água inundou o porão, matando os escravos algemados em poucos minutos. Alguns lutaram pela vida. Outros apenas acolheram a morte como a única saída de sua miséria e degradação. O navio rapidamente arremeteu a estibordo e começou a afundar. Alguns tripulantes que estavam na vigia noturna foram capazes de nadar para a praia, mas a maioria, incluindo o capitão, seu companheiro e a sobrecarga, afundaram com o navio.

A notícia se espalhou como um incêndio e vários barcos comprados foram enviados para a equipe de resgate e tentaram salvar a carga. Mas Mary Anne afundara como uma pedra em boas 30 braças de água.

O desespero e o sofrimento da carga viva somado ao desânimo e medo que os destroços causaram em terra, fizeram com que a relíquia de Mary Anne se formasse em poucas horas. As aparições de muitos tripulantes e ainda mais escravos encheram o convés e porão. Peter, um dos "empreendimentos privados" do capitão, libertou-se de sua Coifa e fez um acordo com um navio do grupo Renegado, o Corrente Quebrada, que os havia erguido do fundo. Agora, Mary Anne é o carro-chefe de uma frota crescente de embarcações Renegadas que vêm assediando os traficantes de escravos da Hierarquia sempre que podem.

Um Passeio pelo Navio

Mary Anne não foi construída como uma embarcação de escravos. Ela passou os primeiros anos de sua carreira carregando tabaco e têxteis e só foi modificada para carga humana alguns anos antes de afundar. O navio construído em carvalho tem 40 metros de comprimento e 11 de largura. Do convés à quilha mede cerca de 7 metros. Três mastros principais dominam o navio, embora um deles se incline em um ângulo precário. Sete velas balançam num vento fantasma, em seu tecido puído e apodrecido. A figura de uma mulher jovem rechonchuda com um rosto esquelético adorna sua proa.

Uma única fileira de portinholas e portas de armas se alinham em cada lado do navio. Cinco canhões relíquia são montados de cada lado. Mary Anne foi danificada e reparada muitas vezes em sua carreira como navio fantasma. O casco apodrecido é revestido por uma série de remendos em sua superestrutura, dos quais cada um sustenta o rosto em desespero de um traficante de escravos capturado que teve sua alma forjada.

As tábuas do convés são deformadas e torcidas, como tivessem sido deixadas ao sol por muito tempo. Algumas carregam a textura distinta de plasma de almas forjadas. Em direção à popa do navio estão os quartos dos oficiais, com o leme à frente. Na parte traseira do navio fica a cabine do capitão.

Abaixo está o paiol, com os quartos apertados da tripulação na traseira. Finalmente, no fundo das entranhas do navio, estão os porões. Ele cheira a desespero e morte. Gemidos ocasionais dos miseráveis surgem dos cantos escuros. A escuridão é quase palpável e poucos fantasmas gastarão de bom grado mais do que alguns minutos lá embaixo.

A Mortalha do Mar

Longe da civilização humana, a Mortalha é notavelmente fina na maior parte dos oceanos. Aparições inteligente são conhecidas por tirar proveito disso, perfurando a Mortalha em navios no fundo do oceano para contatar parentes, ou perseguir sua Paixões. A distância das fortalezas da Hierarquia e sua insistente aplicação do Dictum Mortuum é um incentivo adicional.

Localização                          Classificação

Portos modernas                              9
Portos históricos                              8
Rios do interior                                 7
O limite de 3 milhas*                      6
O mar aberto                                     5
O mar aberto à noite                       4

* se for milhas náuticas dá 5556 metros, se for milhas normais dá 4828,032 metros. 3 milhas náuticas ≈ 3,45 milhas. 3 milhas ≈ 2,6 milhas náuticas. 1 milha = 1609,344 metros. 1 milha náutica = 1852 metros.

Referência

World of Darkness: Blood-Dimmed Tides, p. 57-58

TRIPULAÇÃO NOTÁVEL



0 Comentários