Crônica: Fúria no Inverno Verde
Ano I, 2º Temporada, Oitava Sessão
Sistema: Lobisomem: O Apocalipse (W20)
Cenário: Amazônia, início do Século XIX
Narrador: Glailson Santos
Data: 05/08/2017 (Sábado)
Resumo da Sessão:
Os primeiros raios de raios da manhã despontam no horizonte sobre a sobressaltada Vila de Beja, onde o povo simples, formado em sua maioria por caboclos, tapuios e negros livres, ainda está assustado pelos eventos da madrugada, quando matintas, mapinguaris e toda a sorte de visagens parece ter decidido assolar de uma só vez o pequeno vilarejo.
Nas matas próximas, os integrantes da Matilha Tempestade Sob o Rio traçam uma nova estratégia para enfrentar sua sagaz inimiga, a poderosa bruxa, conhecida como Matinta. As advertências do esperto Ragabash, Ratonaketon “Une-Dois-Mundos”, sobre a forma de ação da bruxa, que parecia preparada para usar as franquezas Garou para sua vantagem, tornam a matilha mais cautelosa em relação a sua oponente. E apesar do forte odor das emanações da Wyrm que Palavras-na-Escuridão podia sentir mata adentro, eles decidem insistir em investigar pistas sobre a bruxa na pequena Vila de Beja. Aguardando até que a face de Hélios surja completa no céu, enviam a aparentemente indefesa Poeté até o vilarejo, acompanhada de perto pelo furtivo Ratonaketon, enquanto Palavras-na-Escuridão e Kamaporã os seguem através da Penumbra e Apoena, Galahad e Enzi decidem fazer o reconhecimento do foco de onde emana o odor fétido da Wyrm mais adentro nas matas.
Poeté, a Theurge da Matilha Tempestade Sob o Rio, é uma simpática mulata de aparência inofensiva, com inegáveis habilidades de cura e que conhece muito bem o povo da região. A chegada de uma benzedeira e curandeira conhecida na vila é vista pelos moradores como providencia divina e a Theurge é acolhida para tratar daqueles que foram afetados pela aparição das visagens na noite anterior. O jovem Mundico, cuja casa foi parcialmente destruída por o que parecia ser um mapinguari ou capelobo, por sorte, parece ter escapado sem ferimento algum, apesar do susto sem tamanho e de parecer excessivamente pálido e fraco. E logo uma senhora de idade com os olhos cheios de lágrimas vem suplicar a ajuda de Poeté. Sua filha, Mariazinha, padece com fortes febres e calafrios, após ter sido atacada na mata por um porco selvagem e, aparentemente, ser encantada pela mãe do mato ou pela caipora.
A Mulher cuja filha arde em febre no fundo de uma rede, conta a Poeté que a Matinta e outras assombrações têm assolado a vila recentemente, mas nada tão terrível como na noite anterior. Poeté reconhece na jovem moça prostada no fundo da rede a mesma menina que na noite anterior, com seu olhar desafiador, havia provocado a ira no coração de Galahad, a ponto de leva-lo a ser tomado pelo Frenesi da Wyrm. Parece que não era ela quem procuravam, no fim das contas. No reflexo umbral do casebre, Palavras-na-Escuridão e Kamaporã percebem o que parece ser uma bizarra e imensa crisálida repugnante, exalando óbvias emanações de corrupção, usando o vínculo através do Totem da Matilha para alertar Poeté do outro lado da Película.
Espiando o mundo espiritual, Poeté percebe que a pobre menina está ligada a um Maldito, em processo para se tornar um Fomor. Ela parece lutar para resistir ao Maldito, mas o ferimento infeccionado em sua perna parece drenar suas forças. Infelizmente a Theurge não é capaz de discernir quanto tempo falta para que o Maldito se funda a alma da pobre criança e nem lhe ocorre uma maneira de livra-la daquele destino, sabe apenas que um ataque ao Maldito resultaria inevitavelmente na morte da menina e a morte da menina significaria apenas a libertação do espírito servo da Wyrm. Porém, Poeté agarra-se à esperança de que alguém tão sábio como Língua-Ferina diz ser o tal Preto Domingos, talvez seja capaz de reverter o processo de transformação da menina em Fomor. Ela então instrui seus companheiros de matilha a não tocarem na “crisálida” profana, pois ainda há esperança para a criança humana, desde que eles forem bem sucedidos em sua missão. Ela usa suas habilidades curativas para baixar a febre de Mariazinha e estabilizar seu quadro e parte dizendo ir buscar uma forma de curá-la.
Enquanto retorna para as matas próximas para se juntar ao restante de sua matilha, Poeté tem uma visão. Ela vê uma liteira decadente sendo carregada por pessoas de todas as etnias vestindo farrapos fétidos e presos por grilhões de metal negro, então as cortinas da liteira se abrem e revelam, sentada no local de honra, uma imensa e hedionda porca branca. Poeté é tirada do transe por um grupo de crianças que brincam na praça central, uma delas, um menino, vem até Poeté e pergunta: “É a senhora quem vai curar a louca?”. A pergunta surpreende Poeté, que docemente responde com outra pergunta: “Que louca? A menina mordida pelo porco selvagem?” No que o menino responde sussurrando desconfiado: “Ela já era louca antes de ser punida e encantada pela mãe do mato, talvez fosse melhor que morresse, ela dá medo”.
Enquanto isso, nas profundezas da Mata, Apoena, Galahad e Enzi, chegam até um igapó, uma região pantanosa no interior da floresta que exala um terrível odor de decomposição. Eles chegaram ao foco das emanações da Wyrm e decidem atacar assim que forem alcançados pelos demais membros da matilha. O que não tarda em acontecer, porém, assim que a matilha se reúne para adentrar o igapó, são surpreendidos por um barulho infernal de troncos se partindo e porcos grunhindo. O inimigo aparentemente já antecipava o ataque.
Mais de uma dúzia de imensos porcos cadavéricos, hediondos Fomori, emergem do igapó em direção à Matilha. Rapidamente, Palavras-na-Escuridão alerta Ratonaketon para que o Ragabash use a benção do Totem Poraquê para lançar uma poderosa descarga elétrica nas águas do igapó, enquanto o restante da matilha permanece seguro em terra firme. Este primeiro ataque surte efeito, eletrocutando os Fomori antes mesmo que estejam ao alcance das Garras dos membros da Matilha e conferindo-lhes a vantagem inicial no combate. A luta transcorre em ritmo frenético, os Porcos Cadavéricos se mostram oponentes desafiadores, com um couro grosso e forte o suficiente para fazer frente às poderosas garras Garou, presas terríveis capazes de provocar dano agravado e desferir ferimentos graves mesmo nos poderosos guerreiros de Gaia e uma fúria à altura dos destemidos Ahroun.
Apoena habilmente assume seu papel como alfa, coordenando os ataques e indicando os oponentes sobre os quais deve se concentrar a “artilharia” da Matilha. No final, os Garou se saem vitoriosos, mas os custos do combate são elevados, quase todos estão gravemente feridos e Poeté está incapacitada na lama, após ressuscitar milagrosamente em virtude de sua Fúria. Ratonaketon, Enzi e Palavras-na-Escuridão são os que possuem os ferimentos menos graves, mas ainda assim, estão bastante feridos.
Enzi se voluntaria para servir como batedor e segue imediatamente se embrenhando até interior do igapó usando seus dons Uktena para se locomover furtivamente pela copa das árvores. Ele chega ao que parece ser o coração da área contaminada pela Wyrm e depara-se com uma clareira de águas estagnadas, protegida da incidência direta do sol pelas copas densamente entrelaçadas das árvores a sua borda. Cruzando a frágil película local, ele se depara com um buraco no centro do reflexo umbral da clareira, como a entrada de uma caverna perfeitamente circular que se eleva acima do nível das águas estagnadas. O diâmetro parece suficiente apenas para a passagem de um Garou na forma Glabro.
O que poderia sair desse buraco profano? Ou o que aguardaria alguém tolo ou corajoso suficiente para adentra-lo?
O que poderia sair desse buraco profano? Ou o que aguardaria alguém tolo ou corajoso suficiente para adentra-lo?
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